Em dezembro de 1970 já estavam gravando aquele que seria o primeiro LP com músicas da parceria Toquinho/Vinicius, lançado pela RGE: “Como Dizia o Poeta… Música Nova”, no qual, os dois cantam acompanhados por Marília Medalha. Enquanto esse disco era lançado por aqui, revelando sucessos ab-solutos, como “Tarde em Itapoan”, “Como dizia o poeta…”, “A tonga da mironga…’, “Mais um adeus”, Toquinho e Vinicius já se apresentavam durante três meses em La Fusa de Mar Del Plata, numa temporada em três fases: primeiro com Chico Buarque; depois, com Maria Bethânia; e, por fim, com Maria Creuza. Desses espetáculos resultou um outro LP do selo Trova: “Vinicius+Bethânia+Toquinho en La fusa (Mar Del Plata)”, em cuja contracapa o poeta se rende ao talento do novo parceiro: “No que diz respeito a Toquinho, ha-veria muito a acrescentar ao já sabido.
O progresso, em todos os sentidos, do jovem violonista e compositor é tal, nesses últimos cinco meses, que ninguém pode prever aonde chegará. Tem todas as possibilidades abertas. Sua técnica no trabalho ao vivo corresponde plenamente a sua maturidade como criador musical. Basta dizer que já compusemos um ‘pacote’ de temas suficientes para mais dois discos”. Não havia nenhum exagero nessas palavras do poeta, confirmadas por Toquinho: “Foi uma loucura. A gente não via o sol nascer em Mar Del Plata, muito menos o sol se pôr. Era só trabalhar. E com a gente passou a acontecer uma coisa interessante: primeiro atingíamos as classes A e B, e depois a C, ao contrário da maioria dos artistas.
De qualquer forma, pouco importava. O que a gente queria era fazer músicas”. E faziam. Parte da produção iniciada na Ba-hia fora completada naquele balneário argentino. Outra dose criativa fora insu-flada na casa de Sergio Bardotti, em Roma, ainda em 1971, num curto período em que lá estiveram a fim de terminarem as versões para um disco italiano. Essa estimulante variação de ambientes e a fértil criatividade produziram o bastante para mais um LP: o segundo da dupla, acompanhados pelo Trio Mo-cotó, lançado pela RGE no mesmo ano do anterior, em 1971, com 13 canções inéditas: “Essa menina”, “Maria vai com as outras”, “Testamento”, “O poeta aprendiz”, “Eu não tenho nada a ver com isso”, “A terra prometida”, “Sei lá…a vida tem sempre razão”, “O velho e a flor”, “O canto de oxum”, “A rosa desfo-lhada”, “Morena flor”, “A flor da noite” e “Blues para Emmett”. Pelo menos cinco dessas músicas alcançaram destaque imediato, sendo executadas nas pro-gramações das rádios seguindo a trilha dos sucessos anteriores.
E na se-qüência, havia munição para mais um LP, ainda pela RGE, o de 1972: “São demais os perigos dessa vida…”, o primeiro verso de um soneto de Vinicius, sobre o qual ele comentava: “Eu acho que Toquinho conseguiu nessa can-ção, ‘São demais os perigos dessa vida’, uma coisa extraordinária, porque não deve ser fácil você transportar para a música as palavras, o sentido de um so-neto, que é meu ‘Soneto do Corifeu’, que abre minha peça ‘Orfeu da Concei-ção’. Eu acho que em nossa parceria é uma das consecuções, uma das reali-zações mais corajosas e felizes de Toquinho”. Além dessa canção, esse disco revelava como sucessos “Regra três”, Cotidiano nº 2″, “Tatamirô”, “Valsa para uma menininha” e “Chorando pra Pixinguinha”.
